segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Apócrifos: o livro de Enoque

Em minha formação protestante, principalmente nos estudos de teologia, sempre fui ensinado a considerar os apócrifos como livros "quase malditos"-, em que pese não integrarem o cânon bíblico.Cito como exemplo, o livro de Enoque. Como professor de literatura, não posso desprezá-los, até porque possuem importância histórica e constituem de certo modo um acervo literário-religioso produzido a milhares de anos(evito aqui demarcar sua cronologia)e ainda mais: estimulo que povo evangélico e os teólogos igualmente construam um conceito mais racional acerca desses livros, evitando vê-los como sem importância já que não se configuram no corpus bíblico. Voltando ao livro de Enoque, muito embora não pretenda discutir legitimidade autoral, circunstância em que foi escrito, manuscritos e a confiabilidade de posteriores traduções por copistas, a proibição de sua leitura, sua ampla aceitação entre os esotéricos - dois aspectos inviabilizam sua aceitação entre católicos e protestantes: a ideia de oculto, reforçando o misticismo; a condição permanente de suspeição, que gera a concepção de livro pouco confiável. O livro de Enoque, embora preterido do status de canônico, tem o nome seu "autor" citado na na Bíblia, confira: a) Segundo o livro de Gênesis, teve por pai Jarede, Gn5:18; b) Aos sessenta e cinco anos gerou a Matusalém, Gn5:21; c) "Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas", Gn5:22; d) "Enoque andou com Deus, e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou", Gn5:24. Isto o grande mistério em torno de sua pessoa. Ainda no Novo Testamento, no livro de Hebreus, capítulo 11:5, lemos: "Pela fé Enoque foi transladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o transladara; pois antes da sua transladação alcançou testemunho de que agradara a Deus". Por transladado, entenda-se "arrebatado", ou seja, Deus o arrebatou, o tomou para si. Como? Este é o mistério. O curioso é que incrédulos desacreditam a bíblia, mas validam o Livro de Enoque;e os crédulos? Ah! Estes condenam veementemente o livro de Enoque, mas validam piamente a referência ao seu nome citado nas Escrituras.`É o velho dilema das crenças em conflito. Ponderando: que o livro de Enoque e outros apócrifos não sejam vistos como demoníacos, e muito menos a Bíblia não deixe de ser reputada como não inspirada por Deus. Finalizando, não posso prescindir de indicar uma referência bibliográfica.(sem medo de consultar, mas como diz a bíblia "examinando tudo". O livro de Enoch, editora Hemus (1982),212 p.(Esta é a minha edição) Há edições mais recentes.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Congresso dos tolos

Eventualmente os tolos se reúnem. Fazem isso para cultuar suas tolices (coisas de pouco valor ou importância)e fazer reverberar o eco estridente do adjetivo tolo (pessoa de origem incerta, propenso à prática da estupidez). Com efeito, o tolo perpetua a tolice e infama a reputação de quem almeja a revitalização de tudo que tem sido afetado pela esterilidade e maculado pela estagnação. O tolo é intolerante, isto é, não tolera a menor e boa intenção da reflexão;o tolo, do topo da sua tolice dita o tom que caracteriza as ações impensadas. Por certo, no momento próprio - o tolo atolará no mar de suas tolices, e, ao tentar emergir - reconheceremos seu rosto hoje sem nitidez, pois ficará patente aos novos olhos.