Apócrifos: o livro de Enoque

Em minha formação protestante, principalmente nos estudos de teologia, sempre fui ensinado a considerar os apócrifos como livros "quase malditos"-, em que pese não integrarem o cânon bíblico.Cito como exemplo, o livro de Enoque. Como professor de literatura, não posso desprezá-los, até porque possuem importância histórica e constituem de certo modo um acervo literário-religioso produzido a milhares de anos(evito aqui demarcar sua cronologia)e ainda mais: estimulo que povo evangélico e os teólogos igualmente construam um conceito mais racional acerca desses livros, evitando vê-los como sem importância já que não se configuram no corpus bíblico. Voltando ao livro de Enoque, muito embora não pretenda discutir legitimidade autoral, circunstância em que foi escrito, manuscritos e a confiabilidade de posteriores traduções por copistas, a proibição de sua leitura, sua ampla aceitação entre os esotéricos - dois aspectos inviabilizam sua aceitação entre católicos e protestantes: a ideia de oculto, reforçando o misticismo; a condição permanente de suspeição, que gera a concepção de livro pouco confiável. O livro de Enoque, embora preterido do status de canônico, tem o nome seu "autor" citado na na Bíblia, confira: a) Segundo o livro de Gênesis, teve por pai Jarede, Gn5:18; b) Aos sessenta e cinco anos gerou a Matusalém, Gn5:21; c) "Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas", Gn5:22; d) "Enoque andou com Deus, e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou", Gn5:24. Isto o grande mistério em torno de sua pessoa. Ainda no Novo Testamento, no livro de Hebreus, capítulo 11:5, lemos: "Pela fé Enoque foi transladado para não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o transladara; pois antes da sua transladação alcançou testemunho de que agradara a Deus". Por transladado, entenda-se "arrebatado", ou seja, Deus o arrebatou, o tomou para si. Como? Este é o mistério. O curioso é que incrédulos desacreditam a bíblia, mas validam o Livro de Enoque;e os crédulos? Ah! Estes condenam veementemente o livro de Enoque, mas validam piamente a referência ao seu nome citado nas Escrituras.`É o velho dilema das crenças em conflito. Ponderando: que o livro de Enoque e outros apócrifos não sejam vistos como demoníacos, e muito menos a Bíblia não deixe de ser reputada como não inspirada por Deus. Finalizando, não posso prescindir de indicar uma referência bibliográfica.(sem medo de consultar, mas como diz a bíblia "examinando tudo". O livro de Enoch, editora Hemus (1982),212 p.(Esta é a minha edição) Há edições mais recentes.

Congresso dos tolos

Eventualmente os tolos se reúnem. Fazem isso para cultuar suas tolices (coisas de pouco valor ou importância)e fazer reverberar o eco estridente do adjetivo tolo (pessoa de origem incerta, propenso à prática da estupidez). Com efeito, o tolo perpetua a tolice e infama a reputação de quem almeja a revitalização de tudo que tem sido afetado pela esterilidade e maculado pela estagnação. O tolo é intolerante, isto é, não tolera a menor e boa intenção da reflexão;o tolo, do topo da sua tolice dita o tom que caracteriza as ações impensadas. Por certo, no momento próprio - o tolo atolará no mar de suas tolices, e, ao tentar emergir - reconheceremos seu rosto hoje sem nitidez, pois ficará patente aos novos olhos.

Como se rouba no Brasil...

Como se rouba no Brasil!!! Nem sempre conhecemos as estratégias usadas, pelo menos as novas. Os velhos jeitos e maneiras de roubar- desgastados e conhecidos pelo povo a cada dia dão lugar aos mais inventivos atos de roubar o país. Recentemente, a imprensa televisiva mostrou uma reportagem escandalosa, na qual políticos de Brasília gastam ou melhor "desviam" uma baba vultuosa - a título de verba de representação com combustível em carros oficiais e aluguel carros extras, tendo um deles apresentado uma nota fiscal falsa fornecida por uma empresa locadora de carros, cujo endereço mencionado no documento fiscal nem sequer existe. Na verdade existe, mas no endereço onde mora o proprietário da locadora.O Brasil é o país do mundo que melhor remunera políticos, além de permitir que roubem de maneira aviltante, não temendo "os olhos da nação". As marchas e protestos precisam urgentemente "acolher" essa causa.Políticos não podem mais continuar ganhando altos salários, e, ainda saqueando os cofres públicos. Temos que impor ao Congresso a criação de leis que regulem os salários dos políticos. Quem de fato quiser servir à nação deverá ter apenas uma ajuda de custo. Vamos levar essa proposta à ruas!!! Os olhos da nação ao contemplar essa podridão, não pode ficar indiferente.

Trono de S. Pedro - que história é essa?

A ideia e preferência neste blog é postar textos e divulgar livros sobre língua portuguesa,literatura e temas multidisciplinares dentro de um contexto secular. Não misturo religião com a minha profissão de professor interessado em questões de linguagem e literatura. Por outro lado, não nego que assuntos em torno da religião também não me fascinem.Por isso, sem a intenção de ofender a religião de leitores deste blog, ainda bem desconhecido - informo que vou me debruçar sobre a questão do papado ou não de Pedro, postando em momento oportuno um texto que busque resgatar a verdade histórica sobre esse tema, objeto de divergência entre evangélicos,católicos e ortodoxos. Pretendo trazer à tona questões como: Pedro foi o primeiro papa? Pedro esteve em Roma? Essa distinção atribuída a Pedro, tem fundamento no Novo Testamento? Como surgiu a ideia de um papa na Igreja Católica? Quem foram e como agiram os primeiros papas católicos? Naturalmente, que um texto não dá conta inteiramente do assunto, mas é um primeiro passo. Aguardem!

Felicidade e outros contos, Katherine Mansfield

Atualmente muito se tem discutido a leitura e seu papel pedagógico e social na formação de leitores.De qualquer modo há leitores e leitores. O livro que recomendo por exemplo, Felicidade e outros contos, da inglesa Katherine Mansfield, editora Revan (1991) é uma joia impressa para "leitores refinados".Outra notável escritora bretã, Virgínia Woolf - talento da literatura mundial, disse da compatriota: "eu tinha ciúme do que ela escrevia", além de reiteradas vezes considerá-la o maior nome da contística inglesa. Para adquiri-lo acesse: wwww.estantevirtual.com.br/cesargamaferreira1959

O tempo diz...

O tempo diz, ora não diz./Diz sim!/Aponta na mente a saudade/Reconta o filme que já vimos/O filme, esse que não queríamos rever/acabamos revendo/pois o tempo diz: vê!

Pensamentos que vão e voltam...

Discutindo o porquê de ainda haver fome no Brasil, e o ultraje das autoridades "responsáveis" em não promover uma reforma agrária no país,Saramago diz:"...o pior de tudo não é não saber sobre a terra e a fome no Brasil, mas é quando sabemos e não fazemos nada".O aclamado escritor lusitano, confesso ateísta, eventualmente se distrai e admite proferir uma interjeição típica do vocabulário religioso católico: "Ó, minha Nossa Senhora". (José Saramago em entrevista ao Jo Soares, junho de 2010).

Uma literatura do subúrbio

Um aspecto decisivo para o que se pode chamar "início da literatura no Brasil" foi o surgimento do romance.Macedo, por exemplo retratou a vida na corte, tudo próximo de um ambiente mais central, no qual o interior não tinha destaque. Passou o tempo, e ambiente suburbano ganhou espaço em muitos romances, e. ainda hoje permanece.