domingo, 25 de novembro de 2012

Uma literatura no Oriente Médio

Poucos ocidentais sabem, outros nem sequer imaginam que árabes, judeus e seus vizinhos mais próximos, os palestinos, todos vistos no ocidente como homens belicósos possuem sensibildade para o verso e prosa- quero dizer: para uma literatura de alto nível. Afinal, nem só de guerras, algumas milenares - vivem esses povos de origem semítica.Israelenses e Árabes por exemplo, não só escreveram literatura religiosa, mas também de outros gêneros, que alguns exaltados conservadores consideram uma profação. Dos textos do Oriente Antigo pesquisadores, arqueólogos e linguistas já encontraram vestígios de literatura Suméria, Acádica, Hurrita, Hitita, Ugarítica. Oportunamente, retomarei o assunto citando alguns textos e autores.E é claro,não deixarei de mencionar a bíblia, e não vai nisso nenhuma intenção fundamentalista. Por ora, um provérbio extraído da sabedoria judaica: Ser escravo de suas paixões é a mais vil forma de escravidão... Abs Cesar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

poesia : poeta & leitor

Um poeta, dois poetas/espalham nos versos,a ansiedade, a transitoriedade.../Vocação insopitável essa.../Um leitor, você leitor./Vá ao dicionário,busca a palavra que te espantou./Poetas são assim, abrem trilhas na senda obscura da imaginação insistente infértil./Tens a palavra que ainda não sabes na mente?/Então vá!/Descobre no verso a poesia do verso./Anda!/Corre!/Foge do frêmito no corpo./Ouça o grito frenético do verso,fraudulento em parte,em outra - traz o gosto da verdade. GAMA,Ferreira Cesar Imprevistas poesias

sábado, 3 de novembro de 2012

Livros e ledores no Brasil-Colonial

Pesquisas e estudos sobre livros e leitura no Brasil-Colônia apontam que por mais de dois séculos a impressão de livros foi proibida, mas a circulação de livros importados da Europa não foi repelida, entre os poucos letrados, que habitavam nosso continente por esse tempo.Não só o povo pobre não sabia ler, mas até as mulheres da nobreza, impedidas desde a infância, não sabiam ler. A escritora Ana Miranda, em seu romance O retrato do Rei, Companhia das Letras (1996) ficcionaliza o drama da personagem Mariana, filha do barão Afonso de Lancraste, punida por este, por ser suspeita de estar tentando aprender a ler, conforme registra o fragmento: "Ainda menina,Mariana recebera, uma noite,ordem de seu pai, dom Afonso, para que fosse à sala da livraria. Ela entrara, assustada.Sempre que o pai tinha uma repreensão ou castigo para as filhas chamava-as a tal lugar. O barão, em pé, diante da mesa, parecera-lhe um gigante.Batendo ritmadamente o chicote na mão, perguntava se ela estava pretendendo aprender a ler.Apontara com o chicote para um volume sobre a mesa, uma cartilha das primeiras letras. Mariana abaixara os olhos, sentindo o sangue tomar-lhe o rosto. Dom Afonso pegara o livro e aproximara-o da chama da vela. A cartilha demorou a pegar fogo e lentamente foi-se consumindo."Cuida-te com teus desejos", o pai dissera. "Se eles te tomam, e não tu a eles, vais arder no fogo do inferno".Em seu quarto, a velha aia Sofia a esperava, com uma vara na mão."Tira a roupa", dissera a alemã."Essas meninas da colônia são educadas como vacas.Que mal há em saber ler? As freiras não aprendem nos conventos? Na minha terra todas as mulheres sabem letras". "Sabeis ler, dona Sofia?" "Cala-te, menina.Tira a roupa". Mariana nua, curvada sobre o baú, esperava. "Trata de gritar bem alto para que teu pai te ouça", Sofia sussurrara. E aplicara, sem nenhuma força, vinte vergastadas nas costas de Mariana, para cumprir a ordem do pai". Esse episódio, apesar de ficcionalizado - reproduz uma ideologia comum à epoca: mulheres não deveriam saber ler. Os homens comuns não liam porque eram analfabetos, as mulheres além disso,nem o sonho de um dia aprender a ler podiam cultivar. Mas tarde, já no século XIX, em pleno apogeu do Romantismo, temos um público de mulheres-leitoras, que compulsivamente liam as histórias românticas de Joaquim M. de Macedo, José Alencar, e de Machado de Assis em início de carreira como prosador.